FICABEIRA – melhor certame da região

Monte Frio, 10 Outubro 2011

Setembro já lá vai, os festejos terminaram definitivamente e os habitantes temporários desandaram para a capital. Mesmo os sessentões descomprometidos com o mercado de trabalho, a que nos referimos em edição anterior, já não moram no Monte Frio. Alguns ainda fizeram a vindima, outros nem isso. O conforto (ou desconforto?) de Lisboa é apelativo. E cá estamos nós, na dita selva, na expectativa de voltar brevemente para usufruir dos bons ares da nossa terra.

Setembro é o melhor mês para quem gosta de animação e convívio na tranquilidade. Há festas tradicionais, como a Senhora das Necessidades (na freguesia de Benfeita, da qual já falámos), Senhora do Monte Alto (Arganil), Santa Eufêmia e Papa Laberça (em Coja).

As solicitações são muitas e a agenda fica preenchida. Um dos maiores certames da região centro é, sem dúvida, a FICABEIRA – Feira Industrial, Comercial e Agrícola da Beira Serra, que este ano cumpriu, com brilhantismo, a sua 30 ª edição, habitual organização e patrocínio da Câmara Municipal de Arganil e ADIBER. Eu sou freguês desde a sua origem e costumo dizer que a feira não se faz sem mim. Apresentei-me no Salão Nobre para a sessão solene de inauguração, seguiu-se a visita formal aos pavilhões do certame (com o secretário de Estado da Administração Local) e fiquei para o concerto da Áurea, uma novidade no meio artístico português (uma boa banda), presença agradável, a cantar… em inglês.

Estava com o Leonardo e saímos antes do final, para trazer farturas quentinhas e «serradura» fresquinha para a malta que nos esperava no Monte Frio. Passava da meia-noite, acabámos em casa da Áurea, com a Lurdes, a Arlete, o Pimenta, a Diorinda, a Fernanda…

Parabéns, Padre Dinis!

No dia seguinte, feriado municipal, realizou-se a sessão solene comemorativa do Dia do Concelho, à qual não podia faltar. Por quê? Para dar um abraço de parabéns ao nosso amigo Padre António Dinis, que foi agraciado com a Medalha de Ouro do Município, distinção justíssima para quem tem uma vida dedicada ao próximo, numa acção social fantástica, de solidariedade, dedicação e carinho para os mais desprotegidos. Ele é responsável pela criação e edificação do Centro Social de Coja e do Centro Social e Paroquial da Benfeita. Este, o da nossa freguesia, que diariamente presta excelente serviço social aos velhotes do Monte Frio.

O amplo Salão Nobre do município tornou-se pequeno para albergar tanta gente, de todas as terras e de vários estratos sociais. E a presença das altas esferas do nosso concelho (até o meu amigo Dias Ferreira esteve na mesa da presidência, ao lado do Secretário de Estado do Ensino) é bem elucidativa do apreço e reconhecimento que as pessoas têm pela acção e obra do Padre Dinis. O Monte Frio também estava bem representado: a Áurea, Tiló, Lurdes, Arlete, Leonel…

Bem-haja, Padre Dinis! E que Deus lhe dê muita saúde para continuar a sua grande obra social. Todos precisamos de si.

João Pedro Pais – que grande espectáculo!

Para encerramento da feira, como atracção final, o concerto do João Pedro Pais. Este menino, adepto ferrenho do Belenenses, que conheci na década de oitenta, como prodígio da luta greco-romana, enveredou para a música e ainda bem para ele. Era um talento na prática das lutas amadoras mas é na música um artista espectacular. E é isto que lhe dá dinheiro.

Neste dia cheguei cedo a Arganil. Não por causa do jogo de veteranos do Argus, mas para visitar com mais calma os stands da FICABEIRA. Acompanhado por minha mulher, estive no da Freguesia da Benfeita, um dos mais concorridos por causa da célebre «serradura», bebida feita nas Luadas, pelo Zé, filho da Graciete, minha colega da 4 ª classe. No da Freguesia da Cerdeira, lá estava o amigo Fernando Pimenta, sentado, sem o instrumento… musical, vendendo as suas casinhas de xisto, artesanato puro. O José Conde e a Natália Novais, no amplo estúdio do RCA, emitiam o programa em directo e alusivo. No espaço do Núcleo Sportinguista de Arganil, encontrámos o amigo Zeferino, leão carismático da Juve Leo, que nos mostrou, com orgulho, a marca de quando foi maltratado no antigo Estádio das Antas. Comemorou connosco a vitória do Sporting, nessa noite, em Paços de Ferreira. Bebemos espumante, no stand onde o Zé do Peixe (outro leão) vendia os vinhos de Santar. Aliás, também aqui fui freguês, ao comprar dez garrafas de tinto, para uso corrente.

Entretanto, chegou a hora do concerto do João Pedro Pais e fiquei… pasmado. Uma multidão, gente de todas as idades, a saltar, a vibrar e a cantar as várias canções que a banda (fantástico som) interpretava. O que mais me impressionou foi o facto de toda a malta conhecer as letras, que cantavam em coro. Fiquei agradado com a actuação expressiva e arrebatadora do João Pedro Pais. Que grande espectáculo!

Monte Frio na Liga dos Campeões

No programa da Feira do Mont’Alto (dia feriado), simultaneamente com o Concurso de Gado Bovino, estava marcado um Torneio da Malha, a realizar no Paço Grande, organização do Núcleo Sportinguista, em homenagem ao saudoso Alberto Cruz. Falei com o Óscar, como no final havia uma sardinhada, entendi que, participar, seria boa forma para conviver com novos amigos. Arranjei parceiro, o Leonel Martinho (companheiro de infância) e às 10 da manhã lá estávamos no local da prova, com o orgulho de representar o Monte Frio numa competição mediática. Cinco pistas com 16 metros, terra batida. Pensava que era a eliminar… mas não. Todos contra todos. Resultado? Que suplicio! Tivemos de fazer 14 jogos seguidos (ganhámos 2, perdemos 12), à torreira do sol. Fomos almoçar já passava das duas. Nas outras equipas eram só campeões, homens com mestria, que levam tudo muito a sério, que jogam todas as semanas, em torneios bem premiados. Todos se conhecem, têm o vício da malha, defrontam-se de amiúdo, o Joaquim, o César, o Gil, o doutor, o Américo, o Carlos entre outros, vieram do Sarzedo, Secarias, S. Pedro, Arganil, Lousã, Maladão… «Ó Leonel, onde nos viemos meter», disse para meu parceiro. Parecia que éramos uma equipa do distrital a jogar na Liga dos Campeões. Ficámos em 8 º lugar, ganhámos uma medalha e uma mini-garrafa de moscatel. Apesar de tudo, fizemos figura digna, desportivismo, fair-play, simpatia e amizade. Todos ficaram na expectativa de virem a participar no Torneio de Chinquilho da festa do Monte Frio.

Festa da Papa laberça

A última das festas da região é a da Papa Laberça, em Coja, organização do Rancho Infantil e Juvenil. Desde que esteja por cá, esta é das tais que não posso evitar. Dias antes já a Cristina Duarte (uma querida amiga) nos alertava para os coscoréis saborosos (comprei meia dúzia, antes de se esgotarem); o Zé Trindade (que rica e divertida boa disposição, com a colher de pau, na noite da festa) distribuía os panfletos para ninguém se esquecer; o Carlos Nobre, numa roda-viva, dentro do balcão, instigava-nos para uma tigela de papa laberça ou de carolos; a doutora Paula Dinis encarregava-se de vender a tradicional espiga de milho com quadra alusiva. Depois, por ali, sempre aparece o Horácio, o Tozé ou o Melro, com uma mini fresquinha. São momentos de uma festa popular, bem animada com o grupo de concertinas «Sons da Serra».

O aniversário do Castanheira

Mas não se pense que estas festas tiram andamento ao quotidiano na casa de convívio do Monte Frio. O movimento mantém-se, os petiscos existem, tanto mais agora, que as omeletas da Teresa já ganham fama. Que o digam os amigos Tó ‘Escada’ Gonçalves e Cardoso, que certa noite vieram de Coja para confraternizar connosco. Contudo, o maior repasto do mês foi no dia de aniversário do nosso António Castanheira, que reuniu à sua volta mais de trinta pessoas, em ambiente de amizade, para um jantar de caça (lebre e pato), que o próprio forneceu.

A vida é bela… para quem a sabe viver, em paz e harmonia.

V. C.

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