Aldeias de Memória

Bem se pode dizer que a freguesia de Benfeita viveu este ano um dia de São João especial. Não porque tenha havido qualquer festança popular ou qualquer evento marcante para comemorar o dia santo, mas porque Alfredo Martins, o presidente da junta, em conivência com Ricardo Pereira Alves, presidente da Câmara Municipal de Arganil, programou a realização de um périplo pelas aldeias da freguesia, onde recentemente se realizaram obras de melhoramentos em espaços públicos. E o presidente não facilitou na organização: para que esta acção tivesse a importância e a força mediática que se impunha, convocou (para presença obrigatória) os representantes das várias comissões de melhoramentos e todos os elementos que compõem o executivo e a assembleia da junta de freguesia, sem esquecer os repórteres do Jornal, da Comarca de Arganil e da Rádio Clube de Arganil – a voz da Beira Serra. Naturalmente, a edilidade municipal esteve representada ao mais alto nível, através do seu presidente e dos vereadores António Cardoso e Paula Dinis.

O programa teve início às 10 horas, precisamente no Monte Frio (terra bela), onde os anfitriões Vítor Cândido, António Castanheira, Arlindo Costa e Leonel Martinho (dirigentes da CMMF) deram as boas vindas aos elementos da numerosa comitiva (cerca de trinta pessoas) que ali se concentrou. Foi oferecido um beberete na Sala de Convívio (Sede da Comissão), servido pela Teresa Martinho, que motivou uma pequena confraternização, para conversa de trabalho ou circunstância. No uso da palavra, o presidente da CMMF regozijou-se com «a presença em Monte Frio, das altas esferas da autarquia» e agradeceu, em nome do povo montefriense, a concretização do miradouro do Outeiro, «infraestrutura que muito veio valorizar um espaço privilegiado da aldeia», sendo um «desejo antigo e uma promessa do presidente Ricardo Pereira Alves… finalmente cumprida». Elogiou também a acção solidária, bairrista e determinante do presidente da junta de freguesia, Alfredo Martins, na execução desta obra e de outras intervenções solicitadas.

Ricardo Pereira Alves agradeceu a recepção e, visivelmente satisfeito por verificar a beleza e os detalhes do novo miradouro do Outeiro, uma obra da inteira responsabilidade da autarquia, praticamente concluída, disse: «É sempre bom quando vemos a obra surgir. Falta agora a colocação do mobiliário urbano (mesas e bancos). Apesar de todas as dificuldades com que lutamos, é mais uma promessa cumprida. Mais vale tarde… que nunca!», finalizou Pereira Alves, agradecendo a colaboração da CMMF e da Junta de Freguesia da Benfeita, especialmente do seu presidente Alfredo Martins, fundamental para a concretização destes empreendimentos.

As obras na freguesia

Logo depois teve início o longo percurso inter-povoações, com a numerosa caravana a partir do Monte Frio, rumando aos Pardieiros, para observar, in loco, a estrada recentemente alcatroada, para o cemitério desta povoação. De seguida, uma paragem na Fraga da Pena para dar conta da construção (em curso) de um bar de apoio e, sem demoras, subida para o Sardal para admirarmos a rua principal devidamente alcatroada em toda a sua extensão, um melhoramento que tanto veio valorizar a aldeia, para gáudio do Jorge Simões Duarte, o entusiasmado anfitrião, cicerone da comitiva. Do Sardal para as Luadas, onde se conferiu o calcetamento de uma rua e, como não podia deixar de ser, bebeu-se uma rodada da já célebre ‘serradura’. Antes de descermos para a Benfeita, uma passagem pela aldeia do Pai das Donas, ali bem representada pelo nosso amigo Brasílio e pelo filho Ângelo.

Para culminar o circuito, uma paragem na sede da Junta de Freguesia da Benfeita para a cerimónia de assinatura de um contrato-programa (valor de seis mil euros) para construção de uma ponte pedonal de acesso à praia fluvial.

Por fim, o almoço para toda a comitiva, uma chanfana de categoria confeccionada e servida na sede da Comissão de Melhoramentos dos Pardieiros, colectividade irmã, cuja gerência volta a estar a cargo do amigo Vítor Soares e do José Carlos.

Assim se passou uma bela jornada de regionalismo, um dia de S. João especial, que serviu para os responsáveis autarcas passarem em revista as suas obras, mostrando-as e divulgando-as. Na realidade, são seis melhoramentos em seis localidades distintas. É a prova de que com pouco se pode fazer muito. Mas para isso é necessário haver boa vontade, disponibilidade e determinação nos homens que comandam os nossos destinos.

Assembleia de freguesia

Para a tarde estava marcada uma reunião periódica da assembleia de freguesia, para tratar dos assuntos referentes a toda a freguesia, o que motivou a nossa participação. Foi, aliás, um bom ensejo para ali expressar o nosso protesto pelo facto (recente) dos serviços da câmara municipal terem mandado retirar do Monte Frio as máquinas que se destinavam à abertura de estradões de protecção da povoação, sem que tivessem feito o trabalho prometido, alegando que estavam a ser necessárias noutro local. Assim, por exemplo, ficou por fazer o alargamento da curva do Seixal (obra simples), no cruzamento com a estrada que vem da Mata da Margaraça, local sem visibilidade, propício a acidentes, numa via de bastante movimento, inserida no circuito turístico da região. Marcelo de Oliveira, presidente da assembleia registou a nossa reclamação e prometeu interceder pelo assunto junto da edilidade.

Após a reunião, ao final da tarde, foi tempo para uma pausa de descontração, para beber uma fresquinha, no terraço do quiosque da Benfeita, antes de cada um seguir para seus destinos.

Leonardo da Costa

Este velho amigo, familiar, conterrâneo, bairrista, tem sido nos últimos anos um companheiro sempre presente nas várias lutas e acções em prol da CMMF, acompanhando-me nas deslocações para todo o lado. Apesar de não fazer parte dos Corpos Sociais da colectividade (já está reformado!) está sempre na primeira linha para ajudar no que for preciso. E está sempre pronto para dar um conselho ou um palpite. Costumo dizer que é o meu assessor (cargo tão comum hoje em dia). O Leonardo, com os seus 84 anos de vida dura e intensa mantém uma dedicação tremenda à sua terra natal, ele empolga-se com os nossos melhoramentos, ele cultiva a mística do antigamente, adora as tradições e faz a festa. É uma relíquia. Nunca é demais recordar que o Leonardo Matias da Costa é o único sócio vivo dos que assinaram a acta da participação na primeira assembleia da CMMF (a da fundação). Tinha então vinte anos. E já estava em Lisboa.

Agora, mais uma vez, o Leonardo Costa disponibilizou-se para me acompanhar desde Lisboa, para mais uma jornada longa e intensa, de bairrismo e de trabalho. E na segunda-feira lá estávamos em Góis (ADIBER) e em Arganil a tratar de assuntos da comissão, antes do regresso à capital. Duas semanas antes já havíamos estado, também, a representar a CMMF na inauguração da Feira das Freguesias, um evento tão popular e de sucesso garantido. Nestas deslocações de curta estadia, sempre fica o consolo da convivência em amizade e de respirar o ar puro da nossa terra.

V. C.