Como previsto no plano de actividades para 2012, a Comissão de Melhoramentos, a convite dos amigos Barroso, organizou um passeio a Riachos, no passado Domingo (29 de Julho) para assistir ao momento mais significativo da festa da Benção do Gado: o cortejo etnográfico dos lavradores de Riachos.
“…A Festa da Bênção do Gado retoma uma tradição rural cuja origem se perde na memória do tempo e revela a marca identificadora desta terra e destas gentes. No princípio do século XX esta festa ainda se realizava todos os anos, em honra de S. Silvestre, patrono dos campos e dos animais, tendo perdido a sua regularidade e passado a realizar-se apenas em ocasiões de excepção, para celebrar momentos altos da terra ou quando se juntavam vontades e oportunidades (1937, 1953, 1966, 1973, 1985 e 1993). A partir de 1966, a Festa da Bênção do Gado passa a integrar também a celebração do antiquíssimo culto do Senhor Jesus dos Lavradores, cuja Imagem, segundo a lenda, foi encontrada na Idade Média por um grupo de lavradores que andava a lavrar a terra com bois, os quais ajoelhavam no local onde estava enterrada. Esta Imagem encontra-se na Igreja de Santiago em Torres Novas de onde apenas sai por ocasião da Festa, sob a responsabilidade da Irmandade do Menino Deus. A Imagem é transportada para Riachos, onde é recebida por milhares de pessoas e levada em procissão para a Igreja de Santo António. Esta Irmandade, assim chamada por possuir uma imagem do Menino Deus, é constituída por 10 irmãos, que a tradição considera herdeiros dos achadores da imagem do Senhor Jesus, entre os quais se divide a sua guarda, ficando a mesma durante um ano em casa de cada um. Durante largos anos a Sociedade dos Cingeleiros, entidade de características mutualistas de apoio aos agricultores riachenses criadores de gado, foi a principal entidade responsável pelos festejos, mas a partir do ano 2000, com a criação da Bênção do Gado Associação Cultural, a Festa ganha uma periodicidade certa (de 4 em 4 anos), tendo-se realizado em 2000, 2004 e 2008. Entretanto, a Festa da Bênção do Gado evoluiu de uma festa de aldeia para uma das maiores e mais características festas da região, com um programa muito diversificado e em que o povo tem um papel fundamental na sua organização e realização. O ponto mais alto da Festa é o Cortejo da Bênção do Gado, que tem características essencialmente etnográficas e conta com a participação da população e em especial dos agricultores riachenses, que desfilam com os seus carros alegóricos e recebem a bênção divina. A arte do povo manifesta-se em várias actividades, mas especialmente no embelezamento das ruas, com destaque para os motivos rurais. Esta é uma Festa feita pelo povo e para o povo, que respeita as suas tradições e as suas raízes rurais…”
Logo pela manhã, à nossa chegada, a Teresa Barroso, mostrou-nos as ruas enfeitadas pelo povo de Riachos. Segundo as suas palavras ” … a festa e as decorações este ano estão muito fraquinhas porque, devido à crise, os apoios financeiros para esta festa diminuiram e as pessoas fizeram coisas simples, conforme as possibilidades…” . Na verdade, testemunhámos o empenho e dedicação do povo de Riachos nesta festa. Mesmo de uma forma simples, como dizia a Teresa, tornaram-se verdadeiros artistas, tanto pela decoração das ruas, como pelas pinturas nas paredes ( representativas das actividades agricolas antigas) dignas de qualquer artista conceituado.
O almoço foi na Quinta dos Barroso (Quinta do Pote) numa refeição conjunta e de partilha das merendas que cada um levava. Os Barroso tinham à nossa espera uma rica sopa da pedra…
E como neste convívio estavam presentes a Cibele e Carlos Borges, com casa na Foz d’ Ègua, a amiga Zezinha levou um bolo dedicado às duas aldeias suas amigas. Uma agradável surpresa!!!
De regresso aos festejos… Uma surpresa! O cortejo da Benção do Gado é verdadeiramente interessante, tanto do ponto de vista cultural, etnográfico e religioso, bem como pelo “desfile” de equipamentos agricolas, que mostram bem a dimensão agrícola desta região. Sim… porque nos dias de hoje, não havendo animais a trabalhar no campo, os agricultores mantendo a tradição, levam as suas máquinas agricolas à benção também. As imagens falam por si e mostram a devoção das gentes de Riachos.
“Os do Soito da Ruiva” escolhiam um lugar à sombra para assistir ao cortejo.
Aqueles que têm, nesta altura, condições de mobilidade mais reduzidas tiveram direito a “tribuna” especial:
No adro da igreja iniciavam-se os rituais liturgicos, com orações e canticos…
E a cantar o Salmo… O Sr. Serra que já visitou o Soito da Ruiva. Quem não se lembra do amigo de Riachos que tão bem cantou o fado, no convívio de Carnaval 2012, em Soito da Ruiva ?…
E segue-se o cortejo…
Todos se inclinam ou saiem dos carros para receber a benção…
Desfilando a família Inverno, também visitas frequentes no Soito da Ruiva…
A sesta do lavrador é indespensável…
Todos os membros da familia participam no desfile… nem o cão fica em casa!
E o ponto alto do cortejo, para os Soitodaruivenses presentes, foi o desfile da familia Barroso… grandes amigos… os aplausos não faltaram a estes amigos que, segundo a nossa opinião, foi a melhor representação no desfile.
O avô Barroso, com 86 anos, liderava a representação da sua família.
E ao seu lado a elegantíssima e simpática nora Isabel.
O André Barroso, jovem mas grande entusiasta em manter as tradições da sua terra, recebe a benção junto da Dora (sua esposa).
O André transportava um arado que, comprado pelo avô Barros há 70 anos, era a “tecnologia de ponta da época”.
A seguir o grande amigo António José Barroso… Um senhor!!!
Com os Barroso até os tractores trabalham sem condutor…
Por último, em cima do atrelado, as mulheres e crianças da família Barroso demonstravam de uma forma única, uma “rica” horta. A Teresa Barroso (uma alentejana que já se tornou Riachense) apregoando o grelo dos Barroso e a Raquel Barroso com as crianças distribuiam melancia da sua produção… absolutamente deliciosa.
Ainda houve tempo para uma visita à Igreja, onde estava exposta a imagem de Nosso Senhor dos Lavradores.
A foto de grupo…
A foto da família Barroso…
E antes de voltar a Almada, houve lanche na Quinta dos Barroso. Fim de tarde animado com alguns elementos da tocata do GDC Soito da Ruiva e, no final, cantou-se os parabéns à Adelina Niz…
Obrigado família Barroso pela vossa amizade, pela forma como sempre nos recebem e, em especial, pelo excelente dia que nos proporcionaram. Conhecer outras culturas, outras regiões e outros hábitos, é um grande enriquecimento pessoal . Daqui a 4 anos estaremos de novo em Riachos.
Parabens Teresa foi um belissimo comentário, não fosse tu uma guia
turistica, contigo todos ficam bem elucidados tanto pela escrita como por a reportagem .
Não há duvida que a família Barroso são um espetáculo quer na maneira de ser como em receber os amigos e eu tenho orgulho de ser amigo deles,
para os Barroso um abraço e um beijo para ti com continuação de boa viagen.
ATÉ A FESTA EM SOITO DA RUIVA.
Zé Niz
Zé Niz, 2 de Agosto de 2012, 9:14.
Grande amigo Zé Niz!
Obrigada pelo eleogio, mas os artigos deste site não tem cara … não são da Teresa Neves, são palavras de toda a comunidade Soitodaruivense. Agradeço também as vossas criticas quando não se identificarem com os textos que aqui são escritos.
Um grande abraço de São Petersburgo
Soito da Ruiva, 2 de Agosto de 2012, 20:15.