A minha casa era um palheiro, quase. Era uma casa velha, com o soalho de tábuas. Naquela altura, também não havia casas novas para todos, como está a minha agora. Mas, enfim, vivia-se.
Os quartos eram pequenos, porque aquilo era só para dormir, não era para mais nada. A gente não cabia lá. Não se vestia, nem despia nos quartos porque eram pequenos, mas tinham umas salas grandes, que era onde malhavam e debulhavam o milho. Todas as casas tinham as salas grandes por causa das malhas do milho.
Os Invernos passávamos ali com uma fogueira, a queimar cavacas. A casa cheia de fumo. Não havia electricidade, não havia nada. Não havia casas de banho. Íamos aí debaixo dos pinheiros fazer isso. Para tomar banho, ia-se ao rio no Verão ou então lavavam-se uns aos outros. Era uma vida difícil.