No dia do casamento, fez-se um cozido que ainda hoje há quem fale disso. Um cozido à portuguesa que levou um presunto inteiro lá dentro do caldeiro. Levou tudo. Chouriços daqueles grossos. Ah, era bom. Ainda há gente hoje que fala disso e foi há bastantes anos! Agora, os enchidos não prestam para nada. Não é tão boa a carne como era nessa altura. Naquela altura valia a pena, era uma maravilha. Os porcos eram criados nas lojas, com restos de comida temperada, agora é tudo à base de farinhas.
Isso foi o primeiro prato. Depois veio a chanfana. Tinham-se morto umas cinco ou seis reses, cabras, ovelhas e tudo. Tudo assado no forno. Depois havia tigelada, arroz-doce, essas coisas todas. Havia de tudo com fartura.
Aquilo aqui não era uma refeição e depois ir embora. Almoçava-se nesse dia, jantava-se e ao outro dia almoçava-se outra vez. Ainda era preciso muita coisa, muito comer. Teve de se recrutar gente, mulheres para ajudar, porque aqui só os da casa não davam para isso. Convidámos a família e os amigos. Nós éramos umas 30 ou 40 pessoas.