As feiras eram como são hoje, só que hoje há mais fartura de coisas que nessa altura. Também há aí mais compradores. As feiras não eram aqui. Aqui, eram só consumidores. Havia tudo, o dinheiro é que era pouco. Compravam as coisas conforme o que podiam, conforme o dinheiro. Tinham que vender os ovos das galinhas para comprar os botões, para comprar as linhas. O meu sogro, por exemplo, era um daqueles que ia daqui carregado de colheres e fusos e não sei que mais por aí fora para a Covilhã pé. A pé! Andava lá semanas. Levava uma broa, duas broas num bornal para lá comer e dormia nos palheiros. Era assim, para ganhar alguma coisita. Mas não era só ele. Era uma mão-cheia deles aí a vender colheres, pífaros, fusos e essas coisas. Andavam lá e dormiam naqueles currais, para não gastarem dinheiro. Não podiam. Com certeza que eram tempos mais difíceis em todo o sentido.