Levanto-me de manhã, tomo o pequeno-almoço, vou dar uma volta a pé, venho e faço o almoço. Depois, espero pela minha mulher, que volte da fazenda, onde ela anda a trabalhar. Almocemos, vamos ao café. Ela lava a loiça e arruma a cozinha e eu estou por aqui, não faço mais nada. Nem me apetece fazer nada. Agora, queria descansar os últimos dias da minha vida mais ou menos assim.
Na fazenda cultivam-se ervilhas, favas, couves, tomates, pimentos, feijão, morangos, tudo! Até quivis tem. Tem dióspiros e ameixas. Só árvores de fruto, temos lá umas 50. Pereiras, macieiras, abrunheiros, tudo! Aquilo nunca se deita fora, é fruta. Se comprar é pior. Também não fica de graça, mas é mais barato. Fui ali à camioneta, comprei lá dois tomates, uma alface e uns pêssegos e deixei lá 2 contos. De lá de baixo da fazenda vem mais barato. Só que tem uma época que vem tudo junto e não se consegue comer tudo. A alface nós temos para aí alturas que aquilo é aos molhos. A gente oferece e ninguém quer. Todos têm. Lá em baixo está a 200 mil réis cada quilo. As peras, as maçãs, os abrunhos, as ameixas, a gente dá e ninguém quer, também, porque toda a gente tem. Enquanto a comprar tem de se pagar bem pago. A minha mulher tem também galinhas. Tem lá seis. Tem de se tratar e depois elas põem ovos para a gente comer.