O meu falecido pai contava-me que não acreditava em bruxas. Ele ficou sem mãe aos 14 anos, quando foi da pneumónica. Na altura, havia na aldeia uma taberna, que já fechou aqui há anos, e o meu avó disse para ele:
- “Olha filho queres ver as bruxas?”
Não tenho bem a certeza, mas parece que era de terça para quarta e de quinta para sexta, à meia-noite.
- “Vens e tu vais vê-las a entrar.”
E assim foi. O meu falecido pai esteve à espera na taberna que chegasse a meia-noite para ir para casa. E quando chegou, onde é hoje o quarto da minha irmã, tem um alçapão que vai da loja, tem uma entrada por baixo.A gente chama-lhe alçapão porque aquilo tem uma porta, que dá para abrir e fechar, no soalho. Então ele viu aquelas luzinhas a entrar pelos buracos desse alçapão e foi buscar uma tranca duma porta, um pau do gado. Elas levantavam-se e começavam-se a rir. Ele que nunca conseguiu agarrar nenhuma disse:
- “Brinquem aí”.
Disse lá uma ladainha qualquer e foi-se deitar.