O meu pai chamava-se José da Costa e a minha mãe Adelaide da Conceição Costa. O meu pai era empregado nas cocheiras, não lhe conheci outro emprego. As cocheiras eram de pessoas de Lisboa. Ele recebia um ordenadito, que não devia ser muito. A minha mãe era doméstica no Monte Frio. Trabalhava no campo para governar os filhos e não era pouco. Seis filhos para governar. E ainda ajudava as pessoas para ganhar dinheiro. Ajudava nas fazendas. Estava cá e ia a Lisboa volta e meia. Em casa ela também fazia a limpeza, o comer e já chegava. Os nossos cultivos eram bocados pequenos. Cultivava milho, feijão e batatas.
Nós tínhamos gado, cabras e ovelhas. Eu ajudava a minha mãe. Tínhamos que andar. Ia-se para o monte, fazia-se mato, punha-se-lhe no curral, tínhamos de colher e secar erva, era assim. Graças a Deus nunca tive problemas com os lobos. Mas apanhavam aí, por cima do povo, os borregos pequeninos. Mas eu era raro sair daqui.
O meu pai morreu tinha eu 3 anos e a minha mãe tinha eu 17, 18 anos. Fui educada pela minha avó e pelos meus irmãos. A minha avó chamava-se Maria da Conceição. Ela morreu com uma doença má. Foi para Lisboa, mas já não lhe fizeram nada. Depois veio e foi sofrer até morrer aqui, sem tratamentos.