Queimar o gato é pelo São João e pelo São Pedro. Agora já não se usa. A gente é que usávamos primeiro. Era um ramo de rosmaninhos e um cântaro de barro, com um nagalho de palha lá em cima amarrado. Acendíamos cá em baixo uma fogueira de rosmaninhos, para queimar por ali acima a chama. Ainda não me esquece. Tinha eu 7 anos, estava na Portela, acabou o carro da carreira de noite que ia para lá. Estávamos lá no largo. Cá em baixo, o gato sai de lá com uma força bate com força na parede até deu um berro a fugir, coitadinho aflito. Aquilo a escaldar. Aquilo é que era medo do lume. Agora já não fazem disso. Mas isso é que eram paródias que fazíamos antigamente. Ele coitado tinha pouco do que se rir. Coitado do gato, sabe-se lá a aflição que ele teve. Gato ou gata já não me lembro. A gente andava-os a guardar que eram daqueles que andavam a comer os pitos. Era ladrão. Nunca mais lá o viram. Não apareceu lá mais. Se calhar viu um poço à frente e foi para dentro do poço e tudo.