A casa da minha infância é onde vivo agora. Foi o meu pai que a fez. As paredes da casa, umas paredes largas, foram feitas pelo meu pai, de pedreiro. Só os carpinteiros é que os teve que meter para fazerem o telhado. Fê-la no mesmo tamanho que está agora. Nessa altura, as padieiras não eram em cimento, eram em madeira. Mas de pedra foi ele que a fez. Iam aos matos minar a pedra e tirar. É a pedra que agora chamam xisto. Depois, a minha mãe, que era uma pessoa com muita força, uma mulher com vontade de trabalhar, ia acartá-la. Era a minha mãe a acartar pedra e ele a fazer. Só das varandas para cima é que depois mandáramos reconstruir.
Tinha as lojas, uma para o gado e outra para o porco. Tinha o andar com três quartos, uma cozinha e uma sala. E tinha um sótão alto, com uma janela, onde nós púnhamos as batatas e fazíamos as arrecadações. Casa de banho, não havia nesse tempo! Fazíamos nos quintais, conforme calhava. Ou então tínhamos fora da casa uma estrumeira. Ninguém tinha casa de banho.