No Natal, fazia-se aqui no largo uma grande fogueira de cepos. Punham-se ali duas ou três panelas, daquelas de ferro em que se cozinhava as hortaliças e as batatas para os porcos, e davam uma volta à povoação. Toda a gente dava uma chouriça, um bocado de carne, arranjava-se as batatas, ia-se às couves brancas - algumas vezes roubadas, outras vezes dadas - e tudo ia para dentro daquela panela. À meia-noite, toda a gente comia. E então, o boneco da terra era o meu pai. Enquanto ele não chegasse não se cantava o Menino Jesus, porque ele é que sabia cantar as canções como elas eram. Então, comia-se e dançava-se. Era muito divertido! Até era muito mais que agora, não é nada que se pareça. Era um Natal bonito!