O milho era semeado. Depois era ralado, sachado, arrancado, cortava-se-lhe a palha e as folhas e depois é que estava o milho criado. Quando era desfolhar o milho, quem apanhasse a espiga preta ia beijar as raparigas. Elas envergonhadas não queriam, diante dos pais. A gente já sabia, quando apanhavam a espiga ia logo beijá-las e abraçá-las, mas elas não queriam ser beijadas. Não fugiam porque tinham vergonha dos pais. Agora os pais não se importam, mas naquele tempo era bonito. Os pais tinham de se calar.
O milho ia para as arcas, para as tulhas e depois ia-se tirando para se moer, para cozer a broa. Era moído nos moinhos de pedra, como aqueles que estão em cima, na Fraga da Pena, e como está aqui em baixo. Era daqueles que anda em baixo o rodízio. Havia um moleiro que tinha aqui uma moenda e ia buscar milho à Cerdeira, a quem tinha milho, a uns e outros. Quem tinha moinhos, moía nos moinhos deles. O moinho era de muitos.
O milho dava para broa e pão. E o mais grosso para se botar para a ração dos porcos. Eram os carolos, aqueles que saiam a peneirar para fazer o pão. É peneirada a farinha, depois ficava mais fina. Aquela grossinha era para as lavagens, para os porcos comerem.
Amassava-se a farinha, levava o fermento e ia para o forno. Quem não tinha forno ia cozer aos dos outros. Havia aí muitos. Ao pé do museu estava lá um que era o do povo. Quem cozia lá pão era para todos. Tiravam uma broa para cada um. Antigamente, agora já não usam nada disso. Agora compra-se a broa. Eram quatro e cinco a cozer, conforme as broas que fossem. Eram marcadas. Umas no cimo da broa metiam só um dedo, depois noutra já punham dois. Punha-se assim e já se conheciam. Pronto já se sabia. Sabiam de certeza que não se enganavam.