Foi em Lisboa que nasceu a minha filha. Chama-se Otília Maria Nunes Guerreiro Cruz. Tive-a em casa. Antes tive um menino, na Alfredo da Costa, mas morreu-me com 20 dias. Morreu com uma broncopneumonia um menino que nasceu quase com 5 quilos... Foi um desgosto muito grande. Nós dissermos que nunca mais íamos para a Alfredo da Costa. Depois o meu marido tinha uma enfermeira muito amiga, que nos conhecia muito bem, e acompanhou-me sempre. Ela até queria que eu tivesse o parto em casa dela. Tinha quartos onde recebia clientes. Disse a parteira ao meu marido:
- “Alfredinho” - até chamava o meu marido por Alfredinho - “a tua mulher não vai para a maternidade! Vai para minha casa! Não pagas nada!”
Depois, optei por ter em casa, porque tinha-a ali perto e assistente. Tive a minha filha em casa e correu bem, graças a Deus. Nasceu na Rua Marquês de Fronteira. Às vezes, até lhe perguntavam onde é que nasceu e ela, por graça, dizia:
- “Nasci no 115!”
- “Mas no 115!?”
- “Ai, isso é que nasci no 115... na Marquês de Fronteira!”