Andei na escola três anitos. Entrei aos 7. Estudarmos aqui na aldeia. A escola era no largo. Era uma casa de habitação grande, bem construída. Depois vieram os bancos e as secretariazinhas para a gente escrever. Mas éramos dois e três num banco, a apertar uns aos outros. E, às vezes, na “machonice”, a brincar, já se vê. Naquele tempo, só podia haver 32 alunos, ou o que era, numa sala. Mas nós éramos tantos mais. Às vezes, vinha cá o director da Educação. Mas lá havia alguém amigo, que avisava a professora. Ao lado, por cima das casas da rua, havia um pinhal que ainda hoje lá está. Então, íamos para lá até ele dar a revista. Dez ou 12 ou aqueles que estivessem a mais. Naquele dia, levávamos os trabalhitos para o pinhal e depois é que íamos para a escola. Não podia haver tanto aluno na escola. Mas, pronto, era uma família.
Lembro-me muito bem das professoras. A primeira, a dona Sofia, foi uma professora muito falada no concelho. Depois, a dona Branca é que me levou a exame. Castigavam-nos com uma réguas nas mãos. Quando foi da primeira, da dona Sofia, ela ensinou aqui alunos que, se fosse preciso, já se viravam a ela. Havia um tio meu e rapazes já adultos sem saberem ler, mas ela já lhes tinha respeito. Já não fazia o que queria com eles. Depois, fizeram o exame da quarta classe.
A professora, depois, não me queria deixar sair. Queria que eu fizesse a quarta classe. Mas a minha mãe precisava muito de mim para guardar o gado.