Quando regressei a aldeia era diferente. As casas até são as mesmas que cá havia, pouco mais adiantaram, mas o que é está tudo modificado! Restauraram tudo, há muitas casas restauradas.
No meu tempo, não havia luz. Para iluminar a casa era uma candeia de azeite e um candeeiro de petróleo, desses de chaminé. Era assim, com aquelas luzinhas, que a gente fazia os serõezinhos à noite. Quando éramos raparigas estávamos a fazer as nossas rendinhas e as velhotas a jogarem as cartas. Quando foi muita gente para as Minas da Panasqueira, às vezes, lá compravam ou traziam um gasómetro a pedra, a carbureto. Esses já davam bom lume. Mas só quem lá andava é que tinha a possibilidade de ter um. Também não havia água em casa. Tínhamos a Fonte da Barroca, que ainda hoje lá está. Não tem torneira, mas deita um cano de água corrente para quem quiser. Íamos com uns cântaros de barro. Às vezes, no Verão, estávamos ali na bicha um quarto de hora ou meia hora à espera da nossa vez.
Antigamente nós vivíamos da agricultura. Quem tinha mais fazendas trazia raparigas a dias. Trabalhava-se um dia ou dois por semana, ou quando precisassem, e ganhava-se aquele dinheirito. Havia muita gente que até já tinha criados. Outros tinham uma junta de bois ou tinham machos para irem buscar o carvão à serra. Era assim no nosso tempo.
Não sei quando foi fundada a Comissão de Melhoramentos de Monte Frio. Eu não estou assim muito dentro dessas coisas. Mas o meu marido tem o número 8 da Comissão e tem 85 anos. Foram os da Comissão que arranjaram as ruas, arranjaram as fontes e têm feito muitas coisas que não havia na aldeia. Se não fossem eles, tínhamos que esperar mais. Embora, às vezes, venha uma verba da Câmara ou da Junta, também dão da Comissão e ajudam. A Comissão de Melhoramentos, juntamente com a Junta de Freguesia e com a Câmara de Arganil, fazem força.