Eu morava na aldeia e o meu marido morava numa casa, em baixo, mesmo de frente. Somos primos. As nossas mães eram primas direitas e era tudo uma família! Ele tem mais três anos do que eu.
Começarmos a namorar no baile, porque todos os domingos, a distracção das raparigas e rapazes era o baile. Quando estava bom, era no largo, onde estão umas casas grandes que eram de uns tios meus. Quando estava a chover, era nas lojas que as pessoas tinham desocupadas ou numa casa. E era no baile que a gente começava a dançar os namorados, uns com os outros.
O meu marido era um bocadito trapalhão, não pediu o namoro. Não havia muitos peditórios de namoro, não! Um dia, estávamos em casa a jantar ou a almoçar - o jantar era o almoço - e ele disse que nos íamos casar. Então o meu pai, que tinha as suas coisas de muito religioso e de saber falar as suas coisitas, disse-lhe assim:
- “Então, vocês vão-se casar? Mas tu algum dia me pediste a minha filha?”
Disse assim com aquelas paródias dele! O meu marido nem disse nada. Era assim, não havia lá peditórios!