Andei na catequese na Benfeita. Sem aprendermos a doutrina toda não fazíamos a Comunhão Solene. No fim de dois ou três anos de estarmos preparados é que a fazíamos. Era na festa na Benfeita, a Festa do Santíssimo, que é muito bonita. A catequista era uma professora da Benfeita. Dava escola e tinha, à tarde, aquele bocado para nos ensinar. Havia lá pessoas também que já estavam habituadas a fazer aquilo. Sendo uma freguesia, uma igreja boa, fazíamos lá a catequese.
A malta, rapazes e raparigas, ia por esses caminhos abaixo a pé. Dois dias por semana. Não íamos por a mata, íamos por estes caminhos mais perto. Para a catequese íamos com o calçadito, umas alpercatitas ou uns chinelos, porque entrávamos na igreja. Outras vezes, íamos descalços até à Benfeita e só à entrada da aldeia é que nos calçávamos. Mas para a missa, que também lá íamos muita vez à missa, levávamos as meias e os sapatos num saquito e íamos só nuns chinelos de trapo ou num calçadito que a gente por aí trazia. Só muito perto lá da aldeia é que tirávamos o que levávamos, calçávamos as meias e os sapatos, púnhamos o xailinho de merino e o véu preto na cabeça. Depois tornávamos a dobrar tudo muito bem dobradinho para o saco e a calçar os chinelitos velhos, que ficavam lá guardados. Ninguém os roubava. Era tudo muito sorridente! É verdade.
Era raro comermos pão de trigo. Só por a Páscoa, porque as nossas madrinhas nos davam o folar. Íamos buscar o pão e, então, era sempre pão de trigo. E também quando nos íamos confessar na Quaresma. Quando íamos comungar, íamos em jejum. Depois, as nossas mães davam-nos um dinheirito e comprávamos e comíamos lá aquele pão. Que bem que nos sabia! Já andámos fartos de broa de milho.
Não íamos à missa todos os domingos. Às vezes falhavam. Também havia missa na Moura, era mais perto e, então, íamos lá. Mas no Monte Frio não havia. Já depois de eu não estar na aldeia, houve um tempo em que se fazia a missa. Mas também acabou depressa. Hoje não há, porque isto está quase deserto no Inverno.