Quando era o tempo que se apanha a azeitona eles cantavam. Eles e elas. Cantavam lá de baixo dos Pardieiros. E se a gente cantasse daqui de cima, cantávamos ao desafio com eles e eles com a gente. Era muito giro. Eu gostava. Agora, os velhotes vão morrendo, outros também coitados já não têm alegria, assim como eu, de andar a cantarolar. Mas eu também era das que cantavam ao desafio com esta ou com aquela. Éramos amigos uns com os outros. Eles cantavam uma cantiga a desafiar a gente e quando calhava andarmos aí nos olivais, cantávamos também. Mas nada de tratar mal. Cantávamos assim cantigas uns aos outros. Desse tempo ainda tenho pena. Mas não tenho penas de mais tempo nenhum.