Gastronomia

A tigelada é assim: a gente faz a porção que precisa ou que quer fazer. Bate os ovos, para uma tigela. Três ou quatro. E vê mais ou menos como é que fica a tigela, se fica meia, se fica cheia. Então bate depois os ovos com uma batedeira. Mas naquele tempo nem batedeira havia, era com um garfo. Contávamos as tigelas dos ovos que partíramos, púnhamos para uma panela e depois púnhamos o leite, na mesma medida dos ovos. Põe-se-lhe o açúcar, mexe-se bem mexidinho. Põe-se nuns tachinhos de barro. Depois acende-se o forno de onde se coze a broa, que agora já nem broa se coze, e pronto, está a tigelada feita. Uma casquinha de limão, para a tigelada saber ao limão, e é assim.

A chanfana é cortada. Matam a rês, depois corta-se a chanfana, aos bocadinhos, tempera-se toda no alguidar: alho, cebola e banha, daquela que se faz os torresmos. Põe-se colorau, salsa, uma pontinha de serpão, que é uma ervinha que há, muito boa também, e sal. Depois põe-se para o forno, enquanto se coze a broa. Quando a gente vê, mais ou menos, que já está tostada tira cá fora, mexe-a, prova se ela está boa de sal. Não se põe água. Se precisa de um bocadinho mais de vinho, bota-se-lhe vinho, se não for preciso, fica assim. Põe-se-lhe piri-piri também. Se precisar de uma coisa dessas mais, põe-se-lhe mais, se não precisar não se põe mais nada. Fica no forno aí duas horas. Mas quando ela é nova assa menos horas. Quando ela é mais velha, mais rija, tem que estar muito tempo.