Os nossos pais não deixavam brincar muito. Até nos mandavam com umas saquinhas para os pinhais, para ir buscar pinhas. Foi sempre uma vida muito má. Eu tinha mais trabalho que os outros, porque os outros eram mais novos e eu, como era a mais velha, tinha que trabalhar mais. Comecei pequenina a roçar mato. Ia à lenha e estava a guardar o rebanho do gado.
Depois, quando mais crescida, ajudava a minha mãe também nas terras. Era assim a minha vida. A minha mãe fazia-me acordar cedo. Às vezes, estava a dormir e ela até me “punha em pintas”. Levantava-me de donde eu estava para eu acordar. Íamos para as terras, quando comecei a trabalhar lá.
As brincadeiras eram poucas. Naquele tempo não havia nada. Era um tempo de miséria. Mas, às vezes, fazíamos curraizitos a fazer que andávamos numa casita e a guardar rebanhos de gado. Era assim.