Havia uns senhores que trabalhavam no carvão, tinham uns machos e iam buscar as sacas de carvão para a Lomba. Eram alguns quatro ou cinco senhores que andavam. Havia lá umas barracas. Eles iam, arrecadavam o carvão até que viessem camionetes buscá-lo para venderem para longe. Levantavam-se de noite, para irem lá à serra. Havia outras pessoas que arrancavam as torgas e faziam uma cova funda e redonda, lá punham-nas naquela cova e depois punham o lume. Então os senhores que andavam a fazer aquilo sabiam mais ou menos quando é que a torga já estava boa para abrir para ficar em carvão. Cobriam aquilo com terra e sabiam o tempo que aquilo havia de estar abafado, para tirarem para arrefecer. Depois para porem para as sacas e a seguir iam os senhores que iam daqui , com os machos, lá buscar o carvão. Só que agora as barracas desapareceram. Estava lá uma. Estava e está. Duas casinhas. Mas isso, nesse tempo, não havia lá casas. Era só as barracas para arrecadarem o carvão. Vinham as camionetas buscar, lá para longe, para irem vender.
Também há carvão de sobro. Que é uma árvore muito grande. Mas aqui não há disso. Só se houver lá “pia baixo” lá para longe. Aqui é a moita. É a moita que tem aquela torga, aquela raiz para crescer a moita. Mas a moita em carvão é em paus. Arrancavam com os enxadões e depois acartavam.
Os machos, que são como burros, traziam pelo menos três sacas. Era um trabalho perigoso, às vezes, até pensavam que o carvão estava apagado e incendiava-se nas sacas. Tinham que descarregar aquilo tudo para o chão porque senão queimavam o animal.