O meu marido era de cá. Víamo-nos todos os dias. Ele pediu-me em namoro. Falou comigo primeiro se eu queria ou não. Esse dia pediu-me em namoro ao pé da senhora onde eu estava. Com ela presente. Eu quis que ele falasse com ela também, que ela ouvisse! E então ele falou. Disse para a senhora que gostava de mim e que gostava de namorar comigo, mas que pedia ordem. Depois também pediu ordem aos meus pais. Foi assim. Eu nunca me apaixonei. Eu não. Mas gostava dele. Mas apaixonar? Isso é que era bom! Namorámos cinco anos, aqui ao pé do outro. O namoro era à noite. Eu estava numa janela e ele estava na rua. Também era uma vida muito coisa. Beijinhos dava-se às escondidas. Agora não, é tudo liberdade. Naquele tempo era assim às escondidas.