“Aprendi a ler e escrever e pouco mais!”

No princípio andei na escola. Aprendi a ler e escrever e pouco mais. Umas contazitas e tal.

A escola era ao pé da igreja. Naquele tempo havia aqui muita neve, hoje já não se vê. Ainda, aqui há uns anos, eu e a minha mulher tivemos que andar com uma enxada a tirar neve. Mas naquele tempo, às vezes, estava aqui neve três e quatro dias. Então, as professoras vinham para o Piódão na altura da escola, pelo mês de Setembro. Começava a nevar e elas iam para as terras delas. Iam-se embora, nunca mais cá apareciam! As professoras não eram daqui, eram do Porto, de Coimbra... Já não tenho ideia como se chamava a minha professora. Tive mais que uma.

A maior parte das pessoas do meu tempo não sabem ler e escrever. Fomos alguns cinco ou seis para o mesmo sítio para a tropa e o único quase que sabia ler era eu! Não íamos fazer exames nenhuns, não havia diploma nenhum. Quando fui para a tropa, fomos dar o nome e aquelas coisas todas, ela perguntou quem sabia ler, quem sabia escrever... Ainda tenho lá na carteira militar: ler e escrever mal.

Deixei de ir à escola, porque não era obrigatória. Mas a minha mãe gostava muito que a gente fosse. O meu irmão ainda tirou a quarta classe. Naquele tempo já era bom. O mais novo também. Iam a Arganil fazer o exame, mas no meu tempo não se fazia exames nenhuns.

Geralmente as raparigas não sabem ler nem escrever!