O milho era apanhado naqueles campos, depois era cortado. No fim, tirava-se as espigas e vinha aquilo em sacas às costas. Sacas que a gente carregava, com 40 quilos ou mais. Depois as espigas eram malhadas, com umas estacas. A gente chamava malhar o milho. Depois era seco naqueles estendais ao meio do monte, que nessa altura estavam todos cheiinhos de milho. Secava e ao fim de seco, ia para os moinhos. O trabalho que aquilo não dava. Temos cá cerca de uma dúzia de moinhos. Há dois perto da ponte e havia mais dois na parte de cima do Piódão. Um era da minha avó. Toda a gente tinha moinho para moer. Quer dizer, quem tinha um moinho dispensava-o e não levava nada. Mas geralmente, a maior parte dos moinhos era de uma família, que moía lá o milho. Há aí moinhos que até eram de sete, oito e nove pessoas!
Tínhamos aqui um forno e havia mais uns três ou quatro fornos que eram dos próprios donos. Mas havia aqui um forno, ao pé da curva ao fundo onde diz “Foz d'Égua”, “Chãs d'Égua”, aquilo era um forno da povoação. Chegava-se à altura, aquilo escangalhava-se, calhava por exemplo 25 tostões, 5 tostões a cada pessoa para arranjar o forno. Os moinhos também se escangalhavam.
Depois de arranjados, coziam logo. Começavam a cozer à segunda-feira e era até ao sábado, à meia-noite! Ao domingo ninguém fazia nada.
Era fácil para distinguir o pão uns dos outros. Por exemplo, éramos três. Umas davam um belisco no próprio pão, outras era um buraco e outras era sem nada. Deitavam-se no forno. Era assim.