Vim para a Benfeita aturar aqui esta gente. Não é muito má. Há uns que não são muito bons, mas outros escapam. Eu vim para aqui com 11 anos porque os meus pais vieram tomar conta de uma fazenda, que era de um da Cerdeira. Comecei a trabalhar aos 12. Trabalhei em oliveiras. Mais ninguém trabalhava.
Naquele tempo eu trazia para comer, nas três refeições, três fatias de pão e três sardinhas. Era uma para o pequeno-almoço, outra para o meio-dia e outra para a merenda. E a cavar terra, mas criei-me. Matava-se o porquito, ia-se comendo, mas era para guardar para quando fossem as sementeiras. Era um porco para todo o ano. Enterrava-se no sal o presunto e assim se passava a vida.