As pessoas iam para Lisboa e para o Sul também. Eu trabalhava nas Minas, saí para ir para a tropa e já não queriam mais gente. Fui para a tropa, depois vim para o Piódão. Estive aqui cerca de um mês e fui para Lisboa à minha vida. Arranjei emprego, fui ao “Deus dará” com um primo meu, que é irmão da minha prima Laurinda. Fui com ele em Abril, cheguei, meteram-me numa cave a tirar entulho e a carregar camionetas de entulho para sobreviver. Depois, mais tarde, arranjei um emprego numa casa de móveis e colchoaria. Aprendi o ofício de colchoeiro e lá estive 40 anos. Gostava do que fazia, por acaso gostava. Ao princípio custou-me bastante, ter que aprender como é que se usava a máquina, aprender a cortar à máquina, cortar os colchões, medi-los, fazer aqueles clientes à medida... Era uma casa de bastante dinheiro. Era de colchoaria e tínhamos casa de móveis também. A casa era António Leite de Oliveira, Lda.. Ficava na Madragoa, Rua da Esperança, número 43.