Eu vim para passar uns dias de férias. Tinha uns dias de férias no patrão. Cheguei aqui e disse-lhe:
- Bem, eu depois ainda vou para Lisboa...
Mas já tinha andado a escrever. Ela disse:
- “Ah, se não for agora, depois também não quero!”
Na altura, não havia telefone nem nada. Escrevi lá para o encarregado:
- Ó senhor fulano, eu vou casar. Se me der mais uns 15 diazitos...
- “Passa lá a lua-de-mel à vontade.”
Ainda valeu escrever a carta. Fiquei os 15 dias. Ela ficou aí, mas já ficou com a barriga cheia! O padre, que estava aí disse que naquele ano de 1952, casou três “choninhas”. A minha mulher, que era muito simples, e outras duas que também não sabiam uma letra nem coisa nenhuma:
- “Casei três ”choninhas“ e já todas as três vêm com a barriga cheia!”
Não há fotografias de casamento, nem nada. Na altura, fazia-se em casa. Foi um lanchezinho em casa do pai dela. Ofereceu-se para padrinho um comendador, que morreu há dois anos, que andava no Brasil e era aqui de Chãs d'Égua. Era muito amigo do meu sogro. Ele disse-lhe que a filha ia casar. Diz ele:
- “Ei, eu quero ser o padrinho deles!”
Mas também, brasileiro, nem uma aliança me ofereceu, nem coisa nenhuma.
Casei-me e fui logo para Lisboa.