Conheci o padre Manuel Fernandes Nogueira. Era um homem muito inteligente. O maior trabalho que ele cá fez foi trazer 40 e tal alunos. Preparava-os aqui. Só iam a Coimbra fazer o exame. Era um género de professor. Todos queriam ser padres, na altura. Havia miséria e toda a gente queria ser padre. As aldeias vinham a caminho do Piódão com uma porrada de rapazes. Ele chegava ali e dizia para os que os traziam:
- “Espera aí um bocado que vou ali falar com eles.”
Os pais esperavam e ele ia falar com os rapazes. Ia lá fazer um teste. Depois, dizia para os pais:
- “Este fica cá.”
E para outro:
- “Olha, a este arranja-lhe uma mulher.”
Para outro:
- “A este arranja-lhe uma guitarra.”
Só com aquele teste fazia a selecção. Uns ficavam. Mas depois, parte deles... Mais tarde veio aí uma fornada de rapazes que largaram todos a missa. Desde 1950 a 1955 ou 1960 passaram por cá seis rapazes. Todos eles casaram. Um foi para professor aqui para Arganil. Era o José Ramos Mendes. Outro foi para professor em Oliveira do Hospital. Dois rapazes aqui do Barril do Alva, ao pé de Arganil, fizeram o curso de arquitectos. Até me convidaram, como Presidente de Junta na altura, para ir a Paris passar uma semana com eles. Um outro, o Júlio, que era ali de Pai das Donas, também aqui andou. Outro, o José Barata, foi para a Amadora vender produtos de farmácia. Todos arranjaram emprego. Os rapazes novos foram-se todos embora.