Depois daí fui para padeiro. Trabalhava de noite e de dia ia para as obras. Para aproveitar tudo, que estava mau. Se eu me queria casar, depois não tinha dinheiro. Nesse tempo não o gastei.
Nunca estava parado. Chegava aqui à noite, ao outro dia de manhã já queriam que eu fosse para eles trabalhar. Nunca me deixavam estar quieto. O tio Alfredo, que Deus tem, disse-me para mim um dia:
- “Eu gosto mais de uma hora tua a trabalhar que um dia inteiro um homem. Tu não vais pagar uma congruazita lá para a Junta, para os caminhos, mas tens de fazer isto assim assim, para reparar uma levada este ano.”
Era água que ia para regar e tinha que reparar aquilo tudo. Eu não queria receber o dinheiro. Tanto que depois chateei-me. Não quis receber nada e dei-lhe para ele levantar. Ele até se agarrou a mim:
- “Não, não. Toma lá dinheiro.”
- Não quero.
Era um belíssimo homem, também. Podia ser mau para alguns, para mim era um belíssimo homem.