Comecei por ajudar os meus pais. A minha vida foi servir. Fui servir para Avô, que pertence a Oliveira do Hospital, guardar um rebanho de ovelhas. Quando fui para Avô, fui pelo caminho que eles usavam para ir à feira comprar o porco, trazer o sal e trazer a sardinha. Chamavam as tapadas. Mas depois, para não vir por lá, resolvi vir por uma estrada de Avô a Pomares. Perguntei ao patrão se aquela estrada é que vinha para lá. Eu sabia que vinha lá alguém da família - ou o meu tio ou a minha tia, que iam lá buscar o correio - para depois vir com eles. E ele disse:
- “É, é!”
Confirmou que era. De madrugada, levantei-me, vim por aí fora e esperei pela minha tia. Ela chegou para ir buscar o correio e vim com ela. Nem comida, nem coisíssima nenhuma. Esses meus tios iam a pé buscar o correio para aqui. Chovesse ou nevasse, iam lá buscar o correio. Aquilo é que era horrível!