A gente pertence ao concelho de Arganil, mas do Piódão para lá são 41 quilómetros. As pessoas, para tratarem de qualquer documento nas repartições, iam a pé. Não havia estradas, mas também não havia dinheiro para transportes. Iam a pé e vinham. Levavam dentro de um saco uma broa, um pão de milho com um chouriço e um queijo. Era daquilo que cultivavam e que criavam. E comiam assim. Bebiam água ou se tivessem algum tostão, compravam um copo de vinho. Mas eram rijos. Ainda há poucos anos, um homem, que já morreu, foi a pé tratar de umas coisas. Não se dava nos carros. Já havia carros mas não se dava e foi a pé. Claro que conhecia aqueles atalhos. Era preciso remédios, iam a Côja, que ainda são aproximadamente 30 quilómetros. A pé. Mas hoje já há estrada, embora não esteja muito boa. Dizem que vão arranjar, mas não há dinheiro. O Governo está sempre a dizer que não há dinheiro. Se eles passassem aquilo que eu passei ainda haviam de chorar mais. Mas hoje já vem uma ambulância buscar um doente. Qualquer coisa também já há um táxi. Na altura, não havia nada. Há uma carreira. Já cá veio um autocarro. Vinha duas vezes por semana mas agora não se justifica porque não há gente. Mesmo assim esta aldeia é a sede de freguesia. Tem aqui Malhada Chã, Chãs d'Égua, Fórnea, Tojo e umas quintas. Tem mais umas territas que pertencem ao Piódão.