O meu pai tinha diversas casas. Agora, era uma despesa grande só para sustentar. Só áreas cobertas, tinha aí 20, contando com os currais do gado. Casas, tínhamos cinco, que eu me lembre. Casas... Barracas! Tínhamos a casa adonde vivíamos. Não cabíamos lá todos. Lá, íamos comer. Era a casa de nos juntarmos e de os meus pais dormirem. Nós, os filhos, íamos dormir a outras casas. Eu, por exemplo, ia dormir onde agora é o restaurante. Havia ali uma casa baixinha. Eu ia dormir ali. Os meus irmãos dormiam numa outra casa mais acima. E assim sucessivamente. Dividiam.
Eram feitas de pedra e madeira. Não havia cá outra coisa. A madeira era de castanho, o rei das madeiras. Eles sabiam quando haviam de cortar as madeiras e como as haviam de aplicar.
A pedra é a daqui. O xisto. Para a casa onde vivo agora, a pedra foi acartada por baixo do cemitério. Abriram lá uma “messeira”, aqueles lotes de pedra. Havia lá pedra própria para isto. Foi toda carregada às costas. Ainda não era nascido, mas foi o que eles contaram. Ali para o Posto Médico já me lembra. Veio a pedra toda ali do Outeiro. Nem em todos os sítios há pedra própria. Assim como a laje. Não era em todo o lado que se tirava para a cobertura das casas. Havia aí umas “messeiras”, uma em baixo e outra onde era o parque, onde iam tirar as lajes para as casas. Não era em qualquer lado que havia essas rochas. Tinha que ser bem escolhida. Eles iam lá, viam que era boa, tiravam. Tudo à mão e às costas!