Não sei como conheci a minha mulher. Nem ela deve saber. A gente nascia aqui. Quando começámos a abrir os olhos, conhecíamos as pessoas todas. Nem sei como é que comecei a namorar com ela. Havia tanta rapariga naquela altura. Havia por onde escolher. Não sei explicar. Eu gostava mais dela. Talvez fosse uma pessoa mais agradável, na altura. E a família da minha mulher, como eram só dois, também eram umas pessoas com uma certa estima. Começámos a falar. A gente começou a conviver. A ir ao terço, à missa, ao mato e à lenha. A gente nem sabia o que era namorar. Era andar uns com os outros. Nunca lhe pedi namoro. Gostava de andar. Fomos andando, andando... Depois quem decretava os namoros era a população:
- “Olha, aqueles andam um com o outro, são namorados!”
Mas não eram namorados como agora. Respeitinho! Senão a gente tinha de ir contar ao senhor prior. E depois ele descascava.