Depois já de adulto, já com 22 anos, é que fiz então a terceira e a quarta classe no mesmo ano. Tínhamos uma professora, que era minha prima, e à noite dava-nos a escola! Eu andava no pinhal a renovar e a colher resina. Quando, às vezes, chegava já de noute, só tinha tempo de dar uma lavadela às mãos e ir para a escola. Às vezes, tanto dormia um aluno como a professora! Mas lá conseguimos fazer então. A terceira em Março e a quarta em Junho. Naquele meio ano, fizéramos dois exames. Quando fiz o último exame, já foi aos 23 anos. Ainda me lembro desse dia. Éramos três e, como ainda há pouco tínhamos feito a terceira, íamos assim:
- “Bem, vamos chumbar...”
Mas depois lá nos desenrascámos. Embora falhasse uma pergunta ou assim, lá respondemos a tudo mais ou menos bem. Passámos! O exame foi em Arganil. Naquela altura, íamos a pé do Piódão para Pomares e lá é que tomávamos o autocarro. São para aí uns 20 quilómetros. Demorávamos a quase três horas. Mas, nesse dia, alugámos um carro e fôramos de carrinha. Mas eu já fui a pé do Piódão para Arganil. Fui tratar das licenças para uma casa que o meu pai reconstruiu. Demorei algumas cinco horas por essas serras fora!
Eu gostava de aprender tudo. Começávamos logo a aprender a Geografia, saber onde é que nasciam os rios, onde é que desaguavam... E saber a História de Portugal, quem foi o primeiro rei de Portugal, quem foi o segundo, quem foi o terceiro, tudo. Aprendíamos logo tudo. Hoje é no nono ano é que ensinam as coisas. Naquele tempo, não. Na segunda e terceira classe tínhamos que saber tudo de cor e salteado! Eu, às vezes, estava no pinhal e andava na mente de estudar a quase o que havia de dizer à noite. A História, a Geografia e Ciência...