Para tratarem da saúde, havia aqui uma pessoa, um curandeiro, que estudava as ervas a quase tudo. Era o Francisco Lopes Pacheco. Até tem o nome numa rua da aldeia, perto da casa onde ele esteve. Naquele tempo chamavam um barbeiro, mas ele não fazia barbas. Dava uns medicamentozitos que estudou por os livros. Ainda esteve no Piódão uns anos e, por aqueles livros, ele via o que é que era bom e o que é que era mau. Já o pai dele também tinha os livros e com eles aprendeu. As pessoas curavam as constipações com chás de sabugueiro e com uma e outra erva que esse curandeiro dava. Eram como se fossem os remédios da farmácia.
Depois começou a vir um senhor chamado doutor Vasco de Campos, que era de Avô. Mas, quando cá veio o primeiro médico, lá esse doutor Vasco de Campos, foi o barbeiro que o mandou vir. Foi para a minha avó. Ela fez um golpe no pé e depois foi para o curral das ovelhas. Com aquela sujidade, aquilo infectou e ela apanhou uma infecção. Então, ele mandou vir o médico, mas disse-lhe logo para ele trazer um medicamento. Ele trouxe e, quando chegou à aldeia, praticamente era aquilo que o homem tinha dito que era preciso trazer. O medicamento adequado para a infecção foi o que o curandeiro mandou o médico trazer. Tanto que depois o doutor ficou sempre amigo do barbeiro, por causa de ver que ele que sabia.
Quando, mais tarde, começou a vir o doutor Vasco de Campos, eu ainda fui algumas vezes buscá-lo ao caminho com uma égua. Onde ele saía do carro, estava lá um animal para ele vir a cavalo e, assim, é que começou a vir à aldeia. Mas antes não. Já me lembro que, uma vez, um senhor que morava numa casa ao lado da minha ficou doente. Então, tiveram que atar dois paus - chamavam eles um esquife - e quatro homens levaram-no daqui até Pomares para ir para o médico! E depois, a partir daí, tinham que ir para Arganil e para Coimbra.