Fui estar aqueles cinco anos lá em Lisboa, na construção naval, porque o trabalho era pouco. Um tio meu é que me arranjou esse trabalho. A partir dessa data, a rapaziada nova foi a quase tudo para Lisboa! Uns foram para a construção, outros para o comércio. Mas foi quase tudo para lá. A gente pensava que ia ganhar mais alguma coisa, mas depois foi ao contrário. Vim ganhar mais no Piódão do que estava a ganhar em Lisboa. Porque, claro, lá tinha que trabalhar só dois ou três dias por semana e na aldeia tinha trabalho todos os dias. Passados uns seis ou sete meses ainda fui lá outra vez, mas continuava a haver falta de trabalho. Então, voltei e permaneci sempre no Piódão.
Já há volta de três anos que estava lá em Lisboa quando casei com a minha mulher. Só lá andei mais dois anos, mas ela ficou cá. Naquele tempo, não era assim como agora. Depois de oito dias de casados, teve ela que ficar e eu tive que ir para Lisboa! E a mulher tinha que estar sozinha na aldeia. Ainda foi lá estar comigo um mês, mas eu é que vinha visitá-la de vez em quando. Nesse tempo, tínhamos um mês de férias e eu vinha naquele mês. Vim para o Piódão no fim de 1959. E os meus filhos nasceram todos depois de eu estar na aldeia. O mais velho nasceu em 1960.
Por aí fiquei até agora.