O meu primeiro trabalho foi na agricultura. Quando o meu pai foi para Lisboa, tinha eu 14 anos, o serviço que ele havia de fazer já fazia eu! E antes já trabalhava ao pé dele também a cavar e a cultivar o renovo.
Depois, com 16 anos, andava na floresta e na estrada. Andei lá algum tempo a cortar mato e a semear e plantar árvores. Trabalhei também algum tempo na resina de pinhal. Tinha de renovar pinhal e colher resina. A gente fazia a ferida do pinheiro e a resina caía para uns púcaros. Depois tínhamos que tirar desses púcaros para umas latas de 20 e 30 litros, 30 quilos. Então, era transportada. Naquele tempo, as mulheres, as raparigas, andavam a transportar aquelas latas à cabeça até onde chegava o carro. Aí a 7, 8 e 16 quilómetros do Piódão! Para Vide eram 16 quilómetros! Agora até já nem usam, mas antes a resina era aplicada para muitas coisas. O que agora fazem de material que vem de fora faziam, nesse tempo, com resina. Mas os ordenados eram baixos. Já se sabe que na aldeia não eram ordenados altos. Quando comecei, ainda andava a ganhar 16 escudos.
Depois disso ainda fui estar cinco anos em Lisboa a trabalhar na construção naval. Mas voltei para o Piódão para trabalhar na construção civil e na agricultura. Comecei no ano em que fizeram a padaria. Aí é que eu comecei a trabalhar na construção. Parti da construção como reformado por invalidez. Quando me reformei, ainda andava a ganhar só 90 escudos! E agora, mais tarde, trabalhei no comércio.