A minha mãe era Maria de Assunção Jesus. O meu pai era José Francisco da Cruz.
Eles trabalhavam no campo, coitados! A vida do campo ainda é hoje, mais ou menos, semear, colher, mas agora já não há é quem a faça e nesse tempo era do que se vivia. Eu quando fui para Lisboa com 20 anos, ainda ganhava aqui 4 escudos de sol a sol. Antigamente as batatas, a gente só lhe punha os esterquito e a borralha. Agora põe-se adubo nas sementeiras. Tem que se pôr pó nos sótãos porque as borboletas estragam as batatas. Antigamente não era nada disso. Agora a gente o que come já vem falsificado. É muito diferente, muito diferente. Isso é verdade. Tinham ovelhas, cabras, galinhas, coelhos, esses animais. Vacas e bois claro que não, mas tínhamos esses animais, tinha-se tudo. Era o campo, a vida do campo. Foi assim a vida, mas tudo ficou com saúde e agora está tudo podre.
Éramos seis irmãos, já morreram três, estamos outras três vivas. Eu sou a mais velha. Morreram três, o mais novo e os dois do meio. Dois rapazes e uma mulher.