Já há tempo que começaram a aparecer os turistas. Isto nem tinha luz, primeiro, nem esgoto. Foi depois aquele senhor, o Eugénio Correia, é que classificou isto e é que começaram. Ainda nem havia estrada para cá chegar. E puseram a luz. Até era muito bonita a luz. Era daqueles focos, nem se viam. De além daquele lado só se via a luz nas paredes. Era muito giro. Parecia um presépio aquilo tudo. Assim é que começaram a aparecer mais os turistas.
Eu acho que os turistas fazem bem à aldeia. Pelo menos sempre anima mais aí a malta. Sempre há mais gente. Nem havia dormidas nesse tempo. Agora é que já há. Já há muita dormida. As pessoas do Piódão gostam de receber os turistas. Ninguém os trata mal. Acho eu que não! A gente ainda se entretém, muitas vezes, ali com eles à porta à conversa. Às vezes, digo para o meu marido:
- Vai, vai lá para a porta ver se te entreténs lá com os turistas, a falar-lhe das cruzes. Eles todos procuram das cruzes. Acham graça. E pronto, a gente está aqui assim. Há todo turistas o ano. Às vezes ainda vêm mais no Inverno. Agora o mês de Agosto é que veio mais gente, mas no Inverno também vêm. Às vezes, até estão aos dois e aos três dias. E muita gente.
Para mim esta terra é bonita. Agora para os outros não sei. Eu acho que aconselhava a visitar. Já tenho falado aí muita vez às pessoas. Dizem assim:
- “Então e as senhoras como é que cá vivem?”
- Então, vive-se como nos outros lados. Cada um tem que viver com aquilo que tem.