Aqui as pessoas que põem cruzes nas portas. Têm muitas cruzes, isto é a fé. As cruzes é a pedir, como é de louro e o louro está benzido. É a pedir protecção a Santa Bárbara, que é a protectora também das trovoadas, e ao Senhor que afaste da gente estas faíscas que caem, ou raios, como queiram chamar.
Nós, Domingo de Ramos levamos os ramos, vão ser benzidos na igreja. Depois no dia de Santa Cruz, que é o dia 3 de Maio, temos por hábito pôr cruzes nas portas e nas terras. Eu, por exemplo, ponho em casa e numa propriedade que tenho rio acima. É a pedir a protecção ao Senhor que não venham aquelas faíscas, porque caem raios e incendeiam. Às vezes via-se. Incendiava-se o lume. Até em casa houve casos. Eu tenho um parente, um primo, de Unhais-o-Velho, ele andava lá na fazenda, na propriedade, veio a trovoada, começaram os trovões e assim. Tinha lá um palheiro onde por baixo tinha as cabras e por cima tinha o pasto e onde tinha os utensílios, uma máquina de sulfatar, enxadas e ferramentas. Estava sentado ali assim, à espera que passasse a trovoada. Entrou uma faísca, foi por baixo à loja matou-lhe as cabras. Ficaram fulminadas. E veio acima e matou-o a ele. Atingiu-o.