Havia muitos moinhos. Em cada barroca havia um ou dois. Havia no Espinho, havia na Mata, havia na Ribeira de Cima em todo o lado havia aqueles moinhos. Moíam a água. Há um que o arranjaram novo. Outro quando foi o ano passado ou o outro ano, fizeram as obras, arranjaram-no e deixaram-no ficar. Os outros já tudo foi embora. Também já não há moleiros. A gente tinha padarias cá, tinha moleiros, tínhamos tudo. Agora já não há nada. Em frente do moinho, passando o posto médico, aquela casa que está ali era uma moagem.
Fazia-se o pão, a broa, o pão de milho e para os animais quem os tinha. A farinha de milho era só assim para essas coisas. Mas moía-se muita farinha porque nesse tempo fazia-se muita broa. Toda a gente tinha pão de milho, coziam. Havia os fornos mesmo de cozer. A gente queria cozer a broa e ia cozer ali. Tudo se cozia. Havia sempre muita broa, o pão de milho. Cá chamava-se a broa e acho que até ainda hoje dizem. Então toda a gente tinha o pão de milho. Os do Porto vinham cá e eles gostavam bem.
Há umas formazinhas, redondas. Amassa-se o pão. A gente aquece a água, depois põe-se a farinha, peneira-se com a peneira. Aquece-se a água, depois põe-se o sal, põe-se a água e amassa-se o pão. É batido, é amassado, bem amassado e depois vai levedar. Bota-se um bocadinho de fermento e vai levedar. Depois de estar lêveda, já se anda a aquecer o forno. Quando a broa está a querer levedar começa-se a aquecer. O forno está quente, a gente vai com aquelas coisinhas, tende a broa e bota-se na pá e a pá leva o pão para o forno. Depois dá-se aquele tempo para cozer. A gente vê, de vez em quando. Quando ela já está a corar vai-se vendo e depois quando está cozida, tira-se a broa.
Havia muitos fornos. Uns coziam ali outros acolá. Nos sítios onde moravam mais perto e outras até tinham em casa, perto. Quem tinha quintais, cozia lá. Antigamente toda a gente cozia a broa. Era pela semana. Todas as semanas cozia-se a broa e ficava para a gente comer. Quem queria comer. Cada uma cozia a porção que via que era para aquela semana. A outra semana cozia outra. Era assim. Meio alqueire ou um alqueire de farinha. Conforme a família também. Havia famílias grandes e havia outras mais pequenas. Cada uma cozia a porção que era.