Às vezes, matava-se um porquito. No dia da matança, juntavam-se as famílias. Por exemplo, os meus tios, os meus avós. Cada um com a sua família. Então, punham o porco num banco e atavam-lhe uma corda, que era para ele não fugir. Conforme fosse o porco, dois ou três homens estavam a segurá-lo e outro espetava-lhe a faca e matava-o. Depois estava uma senhora com um alguidar a apanhar o sangue, que era para fazermos as morcelas. Eram as mulheres que iam lavar as tripas. Iam ao ribeiro, onde a água corria e era limpinha, viravam-se e lavavam-se bem lavadas. Agora é que já não me recordo, porque há muitos anos que não tenho porcos, mas punha-se-lhe um produto para ficarem limpinhas. Primeiro que estivessem prontas... Aquilo era com uma limpeza que eu sei lá! Depois ainda as punham uns dias com vinha d'alho, que era para ficarem bem boas, de maneira a se poderem comer.
Havia quem matasse um porco, outras vezes, eram dois, e outros até matavam três. Era conforme as posses porque, naquele tempo, eram famílias numerosas. Não era como agora, só um ou dois filhos. Alguns matavam dois porcos e mesmo assim não chegava. A carne tinha que ser muito bem regrada. Um bocadinho para cada um da família, que era para chegar de um ano ao outro. Às vezes, quando se matava ao outro ano, ainda havia um bocadinho de carne do anterior.