O milho apanha-se para casa e depois de estar em casa, debulha-se. Aqui é a dar com um pau, a gente chama uma estaca. A dar com o pau no milho e depois acaba-se de debulhar com as mãos.
Fazíamos três e quatro debulhas. Não era só a família. Tinham de debulhar todos o milho. Agora é que já não. Às vezes, chamavam aí pelo povo. Juntavam-se. À noite é que se debulhava o milho.
Então o que se fazia com o milho era moê-lo nos moinhos, no fim de estar seco. A gente secava-o nuns toldos. No fim botava-se para uma arca. E depois da arca é que ia para os moinhos todo o ano. Estava seco, não se estragava. Depois ia-se moendo e cozia-se.
Os moinhos eram da povoação. Na ponte estão dois moinhos. Está um por baixo do caminho e está outro por cima. Têm as pedras onde se moía a farinha. E há mais “pia cima”. Andava tudo a moer. Moía-se muito milho. Havia aí quem tivesse às duas e às três arcas cheias de milho. Gastava-se todo o ano. Fazia-se o fermento, deixava-se sempre de umas vezes para as outras e depois cozia-se todas as semanas.
Tínhamos um forno do povo. O forno andava a cozer toda a semana. Quem tinha família cozia às sete e às oito, até às 12 broas. Quem era só um ou dois cozia menos. Conforme era a gente assim cozia as broas. Não se comia de mais lado nenhum. Quer dizer, também tinha cada um o seu tempo para fazer a farinha, para depois fazer a broa e para cozer nos fornos. Mas nos fornos iam cozer mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Numa broa fazia-se um buraco, noutra fazia-se um belisco, noutra punha-se a mão toda e outras ficavam sem nada e depois já se diferenciavam as broas. Era assim com sinais.
Primeiro era só da fazenda é que se comia. Agora vêm cá vender pão todos os dias. Ao sábado vêm cinco padeiros ao Piódão. Mas primeiro não. Ninguém vinha vender nada. Nem havia dinheiro para comprar. Comia-se era da “lavrança”. Era do que a gente se governava.