Primeiro ia-se à feira a Avô, à quarta-feira, e à Vide, à segunda-feira, à feira. Fui lá muita vez, a pé. Vendia calçado, roupas e feijões. Primeiro a gente ia aos feijões para se comer. Tinha-se de comprar roupa e calçado para se vestir.
Os primeiros sapatos que vieram para os meus pés eram uns ténis cor de café. Sei bem como é que eram. Foi o primeiro calçado que entrou nos meus pés. Já tinha uns 10 anos. Foi quando fiz a Primeira Comunhão. Andava-se descalça, ia para trás da serra, para os lados de Soito da Ruiva, buscar mato. Primeiro estava tudo desbravado porque havia cabradas. E então não havia mato. Ia tudo descalço. Se calhar com medo que escorregassem ou caíssem.
Outras vezes, levavam umas tamancas, mas as tamancas, primeiro, largavam as brochas. Ai apanhei tanta cocheira, espetavam-se nos pés as brochas e depois criavam. Criavam os pés. Infectavam com as espetadelas. As brochas era para segurar o calçado, estavam espetadas. Mas, às vezes, o raio do calçado largava as brochas, a gente andava descalça e espetava-se nelas. E era assim. Os homens com os tamancos e as mulheres com as tamancas. E outras vezes descalça. Andava a gente mais descalça ainda do que com as tamancas.