A azeitona, cada um apanhava mais ou menos a sua. Apanhavam-na, iam-na juntando em casa com tempo e daí ia-se moer ao lagar. Havia cá dois lagares: um aqui e outro na Foz d'Égua.
A gente, naquele tempo, ia todos os anos com os rapazes. Juntávamo-nos pelo menos duas vezes: na colheita do azeite e onde se fazia o azeite. Nessa altura, compravam um bocadinho de bacalhau ou levavam uma chouriça, assavam lá e comia-se lá junto com os homens que faziam a amassa. Juntávamo-nos, íamos sempre ao lagar comer um cabrito ou um bacalhau com batatas e couves com bastante azeite. Com um garrafão de 5 litros de vinho, íamos para lá todos, era uma festa. Ainda assisti, muitas vezes. Ainda hoje tenho saudades disso.
Naquela altura é que se comia bom azeite, não é agora. Naquela altura, nós aqui tínhamos tudo o que era bom. Não era coisas de luxo, nem nada disso, mas o que se comia era são, era puro. Agora, a gente compra desse azeite que vem nas garrafas, nem sabe a azeite, nem sabe a nada.