Quando o meu filho entrou para a escola eu tive que o meter numa escola particular para eu ir trabalhar. A professora dele era açoriana. Era da Ilha do Pico. Uma grande professora. Ele quando se despediu dela também lhe escreveu um postal, com uma fotografia dele por trás e dizia assim:
- “Adeus minha boa professora”
Era muito boa professora. Mas quando ele foi para a escola ele já sabia as letras todas e já contava até 100. Ela dizia-me assim:
- “Quem é que ensinou o Farto?”
Eu digo assim:
- Ó senhora professora, então fui eu. Eu tenho tantos estudos.
Ela ria-se comigo que eu sou sempre assim amiga de reinar. E depois ela disse:
- “Parece que não, mas é um grande adiantamento.”
Porque conhecia as letras todas, os números todos. Já era um grande adiantamento. Nunca perdeu um ano, nunca perdeu uma disciplina, nunca perdeu nada.
Ele gosta muito de cá vir e eu gosto muito dele. O meu marido foi sempre querido como o filho é. Ele vem muita vez, mas vem hoje e vai amanhã. E mesmo ele diz:
- “Eu vou para estar com a minha mãe.”
Às vezes dizem:
- “Ai o doutor Farto tão simples que ele é.”
E ele é assim:
- “Ó mãe farto de andar vestido a rigor ando eu lá no meu trabalho.”
Ele é professor. Ainda há pouco tempo veio de Angola. Vai para Angola, Moçambique, Cabo Verde. Gostou muito de Cabo Verde. Tinha lá muitos alunos. Vai para o Brasil, vai a muitos lados.