Fui à inspecção e fiquei apurado. Lá vou eu para a tropa. Andei lá três anos. A primeira vez que saí daqui foi quando fui para a tropa. Antes, tinha ido a Arganil uma vez ou duas. A Oliveira, nunca tinha ido. A Avô, tinha ido muita vez. À Vide, ia todas as semanas, porque tínhamos lá casa, que o meu avô era de lá. Tinha ido uma vez a Coimbra, com uma tia minha ao médico.
Tinha eu 19 anos quando fui para a tropa em Coimbra. Nunca mais me esqueceu onde estive. Foi o dia da Queima das Fitas. Sei onde comi, onde até bebi qualquer coisa de passagem e tudo isso. Ainda hoje, cada vez que lá passo, me lembro disso. Há tanto ano que entrei naquele tasco. Logo a seguir à portagem para baixo. A gente chega ali à portagem, desce aquela escadita que vai para a Praça Velha e ali há um tasco. É o Manel. Foi aí que eu comi a primeira vez que fui a Coimbra.
Às vezes, até havia aquela coisa quando se ia para a tropa. A malta de cá:
-“Eh, pá, nós lá assim e assado. Topam que vocês nunca saíram daqui.”
Para mim, não achei graça a nada. Fui daqui, juntei-me com outros, fui para as Caldas. Eu era conhecido pelo Arganil e nas Caldas lá junto com eles, nunca ninguém disse assim:
-“O Arganil nunca tinha saído da terra.”
Nunca toparam se eu tinha, se não tinha. Também era assim um bocadito para o vadio cá, naquela altura.
Vim da tropa, voltei novamente e ainda fiquei aqui um ano ou dois.