A gente pode ir para muitas terras, mas a nossa nunca a esquece. Eu nunca esqueci a minha terra. Foi aqui que eu nasci, foi aqui que eu fui criada. Eu nunca esqueci. E gosto da minha terra. Veio uma vez um homem, não era de cá, era do Fundão. Eu ainda era muito nova, devia ter talvez os meus 14 anos ou 15 e andava um baile numa casa adiante. Havia umas arcas muito grandes, antigas, onde punham os milhos nesse tempo. E o homem subiu para cima dessa arca e cantou uns versos:
“Benfeita terra querida, cercada de pinheirais e pálidos olivais sobre montes verdejantes
Benfeita terra querida, tens doutores e estudantes,
Ai Benfeita, mas que linda terra és,
Deixa-me beijar teus pés, Benfeita meu ideal.
Digo que em todo Portugal não há terra mais formosa e um povo tão leal.
Sim, Benfeita terra do meu ideal.
À noitinha junto às fontes, segredam os namorados.
Os rouxinóis nos silvados, soltam as suas melodias.
De manhã ao romper da aurora saúdam-te as cotovias.
Ai Benfeita, mas que linda terra és,
Deixa-me beijar teus pés, Benfeita meu ideal.
Digo que em todo o Portugal não há terra mais formosa e um povo tão leal.
Benfeita terra ditosa, com rosas e violetas tem canções e tens poetas,
Tens serenatas ao luar.
Ai Benfeita, mas que linda terra és,
Deixa-me beijar teus pés, Benfeita meu ideal.
Digo que em todo o Portugal não há terra mais formosa e um povo tão leal.”