O padroeiro do Piódão é São Pedro. Tem a capelinha própria a meio da aldeia. Depois tem a padroeira da freguesia, que é a nossa Senhora da Conceição, que está na igreja paroquial, na igreja matriz. A festa de São Pedro é a 29 de Junho, todos os anos. E como o Piódão é sede de freguesia, a festa da padroeira é sempre no terceiro fim-de-semana de Agosto, no terceiro domingo de Agosto. Eram as festas mais importantes que haviam no Piódão. Houve tempos que o padroeiro, São Pedro, quase que se sobrepunha à festa da padroeira da freguesia. Havia a parte da missa, vinha a Filarmónica, de uma localidade próxima, Pomares ou Avô, Vila Cova, para abrilhantar a missa e a procissão. Havia um leilão de ofertas e o convívio com as pessoas. Depois as pessoas convidavam amigos e faziam um almoço partilhado. Comia-se a chanfana, a carne de cabra assada no forno. Podia haver um grupo que viesse animar, à noite, um bailarico que se fazia. Isso era tanto no São Pedro como na padroeira. O São Pedro, normalmente, comemorava-se só naquele dia, enquanto que a festa da padroeira da freguesia apanhava o fim-de-semana todo. Em Agosto, normalmente, é quando há mais pessoas cá na terra, que vem passar as férias, e já era, às vezes, três dias de festa. Já um dia tinha um grupo musical a abrilhantar a festa, noutro dia tinha outro. À noite havia sempre uns grupos para animar a juventude, para os bailaricos, com os jovens e os menos jovens. Trabalhava-se no duro no campo mas, quando vinha a altura das festas, pelo menos, era um escape para o trabalho e para o duro que as pessoas praticavam. Então, o domingo era dedicado mais à parte religiosa, quando se fazia a procissão com os santos todos que estão na igreja, pela rua principal até o cemitério. Tinha a missa, a procissão e, no sábado à noite, faziam a procissão das velas. Portanto cada dia tinha a sua característica. Fazia-se o programa e aquilo desenvolvia-se mediante o que estava definido mas sempre com a vertente religiosa muito marcada. E havia muita gente. Hoje em dia para pegarem, às vezes, nos andores já têm que andar a pedir até a pessoas estranhas, que vêm de fora, porque ainda são bastantes andores. Nesse tempo, quase que havia uma disputa a ver quem é que pegava nas insígnias religiosas, nos santos, tudo isso. Havia muita juventude, muita rapaziada nova e os andores não chegavam para todos. Hoje em dia, já é o contrário. Já há mais andores do que pessoas válidas para pegar. Maioritariamente, as pessoas são idosas, já não têm possibilidades fisicamente de pegarem nas coisas. Naquele tempo, havia perto de 300 pessoas aqui, porque só na escola primária éramos à volta de 56, perto de 60 alunos da primeira à quarta classe. É quase a totalidade dos habitantes hoje no Piódão. Portanto, há uma diferença muito grande de há 35 anos para cá. A desertificação tem-se vindo a acentuar.